FOOD ADDICTION
A comida pode ser viciante? O que significa ser viciado em comida?
Ainda não surgiu um consenso claro sobre a validade do conceito de dependência alimentar e se alguns indivíduos que lutam para controlar a ingestão de alimentos podem ser considerados viciados em alimentos. Alguns, argumentaram que o conceito de dependência alimentar não tem suporte, visto que muitas das características definidoras da dependência de drogas não são vistas no contexto dos comportamentos alimentares. Outros, argumentaram que o vício em alimentos e drogas compartilham características semelhantes que podem refletir mecanismos neurais comuns.
O estudo The association between food addiction, disordered eating behaviors and food intake (A associação entre dependência alimentar, distúrbios do comportamento alimentar e dependência alimentar), que pegou 370 pessoas entre 18 e 25 anos e aplicaram três questionário para avaliação de adicção (vício) alimentar, concluiu que o vício alimentar foi positivamente correlacionado com a ingestão diária de energia, carboidratos e gorduras. Mulheres eram mais influenciadas por açúcar e carboidratos e homens por gordura. Porém, novas pesquisas devem ser realizadas com uma população maior, examinando também a composição corporal, os exercícios e a situação financeira dos indivíduos, pois todos esses fatores influenciam no estado nutricional e no comportamento alimentar dos indivíduos.
Quando temos um momento de prazer estimulamos a liberação de dopamina numa determinada área do cérebro e isso traz uma felicidade momentânea, mas essa dopamina cai rapidamente e ai necessitamos de mais dopamina para sentirmos prazer. Nosso corpo sempre está na fuga da dor em busca do prazer, então quanto mais prazer damos a ele mais prazer ele quer. Quanto mais dopamina liberamos mais dopamina será necessária para dar aquela sensação de prazer, necessitando de "doses" de dopamina cada vez maiores. Alguns estudos mostraram imagens cerebrais em que as mesmas áreas de prazer do cérebro ascendiam quando comiam alimentos hiperpalatáveis (aqueles ricos em açúcar, sal e gordura, tudo junto) e quando usavam drogas como a cocaína. Em obesos a liberação de dopamina no cérebro após ingestão de carboidratos hiperpalatáveis, já foi comprovado, com um tipo de tomografia de crânio, que os receptores da dopamina que dão saciedade não acendem e os receptores do prazer brilham.
Além da dopamina, tem a serotonina, o hormônio da felicidade, o carboitrado facilita a entrada da serotonina no cérebro e isso causa um prazer, uma felicidade momentânea e o cérebro manda sinais para que você coma mais carboidratos para que fique mais feliz. Mas muitas vezes você come um doce, fica satisfeito, feliz, sente prazer e logo depois você se percebe doente ou apenas num corpo que você não gosta, fica triste e busca a felicidade de novo, no carboidrato.
Mas quero deixar claro que não é qualquer carboidrato que traz essas sensações, ninguem fica viciado em batata (a não ser que seja frita, onde tem carboidrato, gordura vegetal e sal), em mandioca, em banana. Nos viciamos em alimentos hiperpalatáveis, que são os alimentos que misturam tudo, tem muito açúcar, muita gordura trans e muito sal. São os alimentos industrializados ultraprocessados, como sorvete, Nutella, chocolate, leite condensado e etc...